Das coisas sem ele

A noite está escura, tu não está mais e eu
Estou tão sensível que até o vento me incomoda.

Por um momento, queria esquecer que sei sentir.
Agora, inspirar também dói, a casa tem cheiro de ausência.

Se eu pudesse, faria da saudade uma lenda antiga
Que ninguém consegue acreditar ou nunca ouviu falar.

Queria desaprender a contar as horas
E não saber quanto tempo dura todo o tempo de um suspiro.

Procuro não me mexer e tento quase não piscar
Me incomoda o som do meu corpo longe do teu.

Aqui todo barulho é ensurdecedor
O menor ruído ecoa no silêncio dos nossos lençóis.

Há quem não me entenda, mas, se viver sem ti fosse fácil,
A morte não teria te levado tão cedo pra perto dela.