Um encontro casual

Ela andava descalça pelo jardim. Sentir a terra úmida e as pedrinhas pontiagudas, através da sola de seus pés, lhe dava a sensação de estar viva. Ela achava incrível como o tato era um sentido importante. Nesse momento, até o mais importante de todos. Culpa da noite anterior. Sim, ela o havia tocado e, melhor, ele havia tocado ela também. E é incrível como um simples toque de ombros pôde desencadear uma série de outros toques. E como um único sentido, o tato, fez todos os outros se sentirem tão aguçados. Primeiro, por acaso, os ombros se encontraram, depois os olhos se enxergaram, em seguida, o cheiro um do outro foi notado e, só então, eles se falaram e se escutaram. Mas aquele primeiro toque, o dos ombros, havia sido suficiente, depois foi tudo um ciclo vicioso de toques, olhares, aromas, sussurros e sensações.