Por mim, o Amor

Não acredito que o Amor seja sentido somente pelo coração, como dizem os mais simplórios. Nem concordo com os intelectuais, que proclamam por aí que o Amor não passa de impulsos elétricos frios e puramente magnéticos enviados pelo cérebro. Discordo ainda dos cientistas, que pregam que o Amor não passa de reações químicas, que se cruzam, se catalisam, se oxidam e se reduzem pelos nossos fluidos.

O Amor é um sentimento tão profundo e intenso que não está só no cérebro, no coração ou nos fluidos corporais. Está por dentro, por dentro de cada átomo, de cada órgão, de cada suspiro. Quem está amante não consegue mais dissolver seu corpo do sentimento que o envolve, tamanha é sua magnitude e poder. Está tudo diluído junto, em uma única fase inseparável e homogênea. O Amor está impregnado na pele, misturado ao toque, depositado na carne, escorrendo na lágrima.

O Amor é quase uma coisa transcendental, que consegue te fazer levitar enquanto anda, viver enquanto dorme, sorrir enquanto chora, respirar enquanto o sente. O Amor é sentido na alma, com uma leveza, uma pureza e uma doçura que deixa um gosto bom na boca, um cheiro doce no corpo e uma música no olhar. A alma de quem ama não é vermelha, a cor dita da paixão. A alma de quem ama é multicolorida, todas as cores ali estão para mostrar a intensidade e a variedade de sensações que ele pode provocar.

O Amor às vezes é como o frio, que te domina e te impede de pensar; outras vezes é como um toque na seda, que te deixa deslizar e te permite sentir os arrepios do tato; em outros momentos é como um leve piscar de olhos, que de tão óbvio a gente esquece que está lá; ou ainda é como o pulsar do coração, que te nutre e até te ressuscita quando nem você quer mais acreditar.